domingo, julho 31, 2011

Vamos sempre recordá-la assim...

A Sónia ontem partiu para um lugar que só ela sabe onde fica.
Acredito que está serena, a olhar para tudo quanto estamos a fazer e a dizer neste momento.
Tenho a certeza que ela está com o sorriso de menina que sempre lhe conhecemos e podemos rever.
Um sono em Paz minha querida.

http://youtu.be/5oT2GjMYTmM

sexta-feira, julho 08, 2011

Uma história com um final feliz

Uma pequena grande história, em três episódios, com um final feliz. Quando o querer é poder.
Jovem dorme nos bancos da sala de espera do hospital


Lucinda Maria Almeida a quinta-feira, 7 de Julho de 2011 às 3:04.
Cansadinha, acababadinha de chegar do hospital e por incrivel que possa parecer, estive a conversar com uma jovem que dorme no hospital há duas semanas para não estar ao frio e às adversidades da noite, como já lhe aconteceu, porque a mãe a pôs fora de casa. De manhã vou voltar lá para conversar um bocadinho mais com ela e tentar arranjar um lugar para a abrigar, porque a Segurança Social diz que não tem nada para ela. E é este o País que temos para quem não tem abrigo.
Custa-me a acreditar que durante duas semanas não se faça nada para se averiguar a situação desta mulher e saber a verdade da situação. Não me parece normal, nem por parte do hospital nem por parte da segurança social que nada tenha sido feito. Será que foi mesmo posta na rua? Será que haverá mais alguma situação que não a que esta mulher conta? Onde estão as chamadas assistentes sociais que têm por trabalho efectuar estas tarefas? Será que um mero cidadão, que até nem foi aceite para o voluntariado deste hospital, vai ter que resolver a questão?
Pois parece que só se olha para o umbigo cada vez mais e para o próximo cada vez menos.
Para quem ler esta nota, deixo este alerta. Olhem para o vizinho do lado, mesmo que isso faça com que tenhais que comer menos um bocadinho de pão.


Ainda continua na sala de espera do hospital...........mas já lhe dei de comer.


 Lucinda Maria Almeida a quinta-feira, 7 de Julho de 2011 às 14:38.
Aqui estou eu de novo com mais história para contar. A rapariça que tem vindo a dormir na sala de espera de um hospital, teve emprego até ao dia que o contrato acabou e o seu patrão não efectou descontos para a segurança social o que lhe deu direito a não ter rigorosamente nada a receber. Teve de fugir da casa onde vivia com o companheiro, porque este lhe batia em virtude das bebedeiras e da falta de dinheiro para as drogas. "Maria", o nome que lhe atribui, não quer ser identificada para que não a procurem e lhe voltem a fazer mal. Tem os dentes partidos por ter sido agredida pelo companheiro, fez queixa ao ministério público que lhe arquivou o processo por falta de testemunhas. Foi pedir abrigo à mãe que não a recebeu, pois também me parece não ter sequer condições para ela e ainda tem de albergar um irmão e a companheira. "Maria", foi criada num colégio até aos 18 anos, idade em que teve de abandonar o estabelecimento. Tem apenas o 4º ano, sabe fazer o trabalho doméstico e os lugares por onde passou a trabalhar nunca lhe fizeram descontos. Tudo isto ela me contou hoje de manhã quando voltei ao seu encontro e por incrível que pareça, nunca ninguém dentro daquele hospital lhe perguntou o que estava ali a fazer ou se tinha fome. Ontem comeu porque estava num estado tal de fraqueza, perdeu a vergonha e pediu comida. Já vi todos os seus documentos, assim como as cartas do tribunal e ainda hoje vou tentar que uma instituição da área em que resido a possa acolher e encaminhar. É no mínimo revoltante que num país dito desenvolvido, esteja uma pessoa duas semanas num local público sem que alguém lhe faça uma pergunta ou se interrogue o porquê da permanência da pessoa naquele espaçol.
O que fazem os voluntários desta instituilção? O que fazem os porteiros e os seguranças?
Agora já percebi porque não fui aceite nesta instituição para fazer voluntariado!!!
Se é que se faz alguma coisa ou apenas se passeiam as batas azuis com a palavra" VOLUNTÁRIO", sem ser atribuido o verdadeiro significado da mesma.
Prometo que vou voltar, assim como vou ter agora com a moça.


"Maria", a rapariga da sala de espera do hospital, já tem um lar. Obrigada


 Lucinda Maria Almeida a Sexta-feira, 8 de Julho de 2011 às 21:21.
Sentirmo-nos ricos, não significa que tenhamos dinheiro para tudo o que remos ou que ele nos venha parar às mãos sem qualquer esforço. Hoje eu senti-me rica, de coração cheio, de bem comigo e com os outros. Nesta semana que está a acabar, foram várias as vezes que tive de ir ao hospital, por esta ou aquela razão sempre acabando tudo em bem e resolvido. Na noite de quarta-feira, já madrugada de quinta-feira, deparei-me com uma rapariga que dormia nos bancos da sala de espera do hospital. Como não sou nada curiosa e a Margarida está sempre a desafiar-me, fui ter com a moça para conversar. A história já a contei nas notas anteriores, tendo dado origem a vários comentários louváveis e que certamente terão ajudado muito na minha participação da situação a quem de direito.
Ontem estive no hospital de manhã para recolher a documentação da “Maria” e poder enviá-la para quem pode e sabe tratar de situações destas. Falei ao telefone com a responsável de uma instituição de acolhimento a mulheres e jovens que me ouviu e atendeu a minha solicitação. Hoje de tarde, estando eu novamente no hospital, recebi uma chamada da instituição, tendo sido informada por uma das assistentes sociais que “Maria” já tinha um tecto e que hoje já não dormiria na sala de espera.
Não duvidei de quem me telefonou, mas como sou muito teimosa e persistente, mandei uma mensagem a “Maria” informando-a da situação e se fosse possível para me ligar. Por volta das 20,30h recebi uma chamada que me encheu o coração.
“ Não sei o seu nome, mas estou muito feliz. Já tenho onde dormir, já tomei banho, comi uma refeição de prato e não sei como agradecer, pois só me apetece chorar”.
São estas pequenas grandes coisas que me enchem o coração, me fazem chorar de alegria e me continuam a dar muita força e muita vontade para continuar a viver. Hoje eu sinto-me ainda mais rica e um bem-haja a quem me ajudou a sentir ainda mais feliz.



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terça-feira, julho 05, 2011

O dia da execução do bicho

5 de Julho de 2006

Meio-dia, marcava o relógio na parede do bloco operatório.

Sentia-me muito bem-disposta, mesmo depois de ter ouvido a médica radiologista dizer que eram vários os bicharocos. Os médicos e enfermeiros muito simpáticos sempre em amena conversa. A dada altura o anestesista pediu para contar até três e foi uma pedrada até às seis da tarde.

Foram seis horas de corta e coze e decisões que tiveram de ser tomadas sem que se tivesse previsto. Uma equipa excelente, a quem muito agradeço e por quem tenho um certo carinho. O bicho foi exterminado sendo a sua raça do piorio, tendo-se obtido os seguintes resultados:

-Receptores estrogénicos: positivos em mais de 90/% da população celular neoplásica

-Receptores progesterónicos: Positivos, igualmente, em mais de 90/% da mesma população celular.

-c-erbB-2- Negativo (score 1+)

Conclusão: Carcinoma ductal invasor, de alto grau nuclear, grau III, constituído por três nódulos tumorais independentes, o maior com 23mm e metástases em três dos 28 gânglios axilares dissecados.

Depois de toda esta análise, seguiram-se seis ciclos de quimioterapia, três com FEC 100 e mais três com Taxotere que me deram cabo do meu rico esqueleto.

Pois é!!!!! E aqui estou eu, viva e com a barriga toda esburacada das injecções e comprimidos à mistura para vos contar esta história e muitas mais que por mim se passaram e ainda virão a acontecer. A vida é muito bonita para que desistamos de lutar por ela.

A barreira dos cinco anos está quase lá e tenho a certeza que vou ultrapassar.

Enquanto houver estrada para andar, não vou parar...

 «Em Abril de 2006, foi-me detetado um cancro na mama, quando soube fiquei em choque, mas no mesmo momento pensei que mais importante era a ...