quarta-feira, novembro 23, 2011

Cinco anos após o último xuto

Oito horas da manhã, um dia de inverno frio e chuvoso, lá fui eu até ao meu hotel predileto.
Desta feita, acompanhada pela minha mãe, uma vez que era a última estadia e queria que  tivesse o previlégio de me acompanhar.
  A euforia era grande, como devem imaginar! Já sabedora que podia fazer tratamento, uma vez que fazia análises dois dias antes. A Monica, minha companheira de xuto,também lá estava mas não pôde acabar no mesmo dia, porque os valores estavam baixos. Fiquei triste por ela, tão novinha e com uma menina tão pequenina.
Foi o tratamento mais longo, cinco horas de xuto. Tive direito a tudo e mais alguma coisa. Penso até, que levei dose para me calar, o que não deu nenhum resultado.
Foi o segundo dia da minha vida em que gritei vitória. Segundo, porque o primeiro foi o nascimento do meu tesouro.
Cinco anos depois, no dia 23 de Novembro de 2011, aqui estou eu a contar a história, sempre com a mesma força e com esta alegria perante a vida, muitas vezes madrasta, mas que eu lhe vou dando umas grandes vassouradas.
Para todas as mulheres que estão em tratamentos, muita força e para quem vai começar, nada de baixar os braços e sempre que o ânimo for menos bom, há que vir aqui dar uma espreitadela, pois tenho a certeza que vai ajudar.
A vida é muito bonita para não ser vivida e há sempre uma solução se quisermos vencer.

quarta-feira, novembro 09, 2011

Até ao dia em que.....

A vida prega-nos muitas partidas e por vezes nem nos apercebemos que são para nos alertar de coisas que estão menos bem e os nossos olhos ou o coração não quer ver. Neste meio século que tive o privilégio de viver, foram várias as partidas que ela me pregou. Algumas muito duras, talvez duras demais, nem sendo merecedoras delas. No entanto foi um por à prova das minhas capacidades de sobrevivência e até onde eu era capaz de ir. Ultimamente nem tenho vindo escrever no meu blogue, porque tenho andado por outros espaços cibernéticos e que têm deixado ao abandono o meu cantinho, onde sempre recebi todos sem excepção e tenho a consciência de que muitos vieram buscar forças e alento ao que eu quase diariamente escrevia. Hoje não podia deixar em vazio mais uma vez este espaço, até porque, desde que efectuei o último poste com a entrevista na RTV, muitas coisas têm acontecido. Foram várias as felicitações que recebi, de amigos essencialmente, e de alguns familiares. No entanto também fui alvo de “acusações” que têm deixado muito triste e muito calada. Na peça que podem ver e que muito mediocremente elaborei, referi acentuadamente que a minha maior força nesta luta desmedida contra o cancro da mama, foram os meus Pais, a minha Filha e os meus Amigos. Mais pessoas me ajudaram, não digo que não, e só lhes tenho a agradecer, mas efectivamente estas três referidas foram sem sombra de dúvidas o meu suporte de betão para esta luta. Os meus Pais porque precisavam e precisam muito de mim, assim como eu deles. É uma permuta incondicional, A minha Filha, porque tinha 13 anos e só tinha a mãe a quem recorrer, uma vida pela frente para viver e crescer e eu quase com uma sentença de morte. Os meus Amigos, porque nunca precisei de pedir ajuda, bastava ouvir a minha voz ou ver o meu olhar para me darem toda a força que nem eles sabem onde iam buscar.


Pode-vos parecer estranho estar com toda esta escritura, ao fim de cinco anos de luta e a situação estar quase a ser dada como resolvida. Mas na verdade hoje li algumas publicações no facebook, um espaço fechado, que me entristeceram muito e que me fazem estar acordada a esta hora da madrugada sem conseguir dormir. Neste momento está uma mulher no hospital onde eu fui operada e que daqui a umas horas vai sofrer uma intervenção porque tem cancro da mama e vai mais segura e confiante, pelas palavras que ouviu na reportagem. Deixou-me o seu contacto e quer estar comigo. Tenho o meu pai internado no Porto, porque foi intervencionado para a colocação de uma prótese na anca e à 24h atrás estava a passar muito mal. Estou com uma faringite terrível que me impossibilita de estar a apoiar seja quem for, porque não posso sair de casa.

Este texto é público e todos o podem ler e comentar sem restrições, por isso não conseguia ir tentar dormir, sem partilhar tudo isto com quem me quer bem e sempre me apoiou e me continua a apoiar. Se alguém está menos contente comigo, que o diga e que seja aberto e sincero, sem textos prefabricados e que nada têm a ver com quem os escreve.

A todos os meus amigos, um obrigada bem do fundo do coração e não preciso de dizer quem são porque eles sabem e conhecem-me pessoalmente.



Enquanto houver estrada para andar, não vou parar...

 «Em Abril de 2006, foi-me detetado um cancro na mama, quando soube fiquei em choque, mas no mesmo momento pensei que mais importante era a ...