Faz hoje
seis anos que tive alta do hospital, depois de me amputarem uma mama e
esvaziarem a axila, deixando o meu braço direito com muitas e grandes
limitações. Ainda me lembro como se fosse ontem, a cara dos meus amigos à minha
espera, em casa da minha mãe, com um ar terrível sem saber o que me haviam de
dizer e como me iriam encontrar. Ainda envolvida em pensos e ligaduras, com o
braço muito atrofiado, dois drenos a deitar linfa e sangue à mistura metidos
num saco e presos no sinto das calças ainda nº 36, que saudade, mas com uma disposição de quem ia para a
festa. O tempo passou tão rápido e sempre com uma Fé e uma Esperança que me fez
e faz estar agora a cortar-vos como me sinto.
Seis ciclos
de quimioterapia, da dura, cinco anos de hormonoterapia diariamente, cinco anos
de injeção para provocar a menopausa, ainda sem resultados oficiais,
fisioterapias umas seguidas às outras para que o braço tentasse voltar ao
normal e não fizesse edema, três cirurgias para a reconstrução da mama amputada
e um cem número de consultas, exames, análise e não sei mais das quantas……aqui
estou eu com uns bons quilitos a mais, osteoporose de uma mulher com mais de 80
anos, dores nos ossos, a visão já com uns auxiliares, mas nem por isso deixei
de ter sempre a boa disposição que me caracteriza e o otimismo para com a vida.
Isto tudo
para vos dizer que amanhã retomo a minha atividade profissional, com as limitações
que a doença me provocou e vou tentar dar o meu melhor dentro das minhas
possibilidades. Não tenho ilusões quanto às minhas forças, mas não custa nada
tentar sem antes tomar outra decisão. Pois é, seis anos após o dia da alto
hospital. Nada é por acaso!!!!!
Fiquem atentos eu vou dando notícias de como as
coisas vão correndo, pois as consultas, análises e fisioterapias ainda continuam e não me vou esquecer nunca, de quem tanto me ajudou e me
deu força nestes anos menos bons e menos fáceis.