quarta-feira, março 27, 2013

Roubou-me uma mama, mas não me tirou a alegria de viver


Decorria o ano de 2006 e nada fazia prever o que estava para acontecer. Tudo estava bem, apresentava os meus trabalhos, em público, pela primeira vez e os planos para fazer um novo curso estavam delineados. Passaram-se dez anos, de uma fase muito complicada da vida e os planos eram muitos. Mas, não aconteceu como programado porque me roubaram uma mama.

Um cancro maldito apareceu de mansinho e revirou-me a vida. Como todas as mulheres, aos 45 anos fui fazer uma mamografia de rastreio, pela Liga Portuguesa Contra o Cancro. Ainda ponderei em aceder à chamada, visto oito meses antes, ter feito todos os mesmos exames e nada ter sido diagnosticado, pois tudo estava bem. Acabei por sair do trabalho à hora que me tinham marcado e, por um descargo de consciência, lá fui fazer o exame. Entretanto nada me foi comunicado. Quatro semanas passadas e quando da consulta de genecologia, com o meu médico habitual, também nada se encontrou de anormal. No dia seguinte, recebia uma chamada para repetir os exames no edifício da Liga no Porto.

Era uma sexta-feira do mês de Maio e comigo levei os meus pais. Foi um desabar de emoções e pela primeira vez chorei, porque as dúvidas eram muitas. No mesmo dia tudo foi feito para diagnosticar o que de pior viria a acontecer. Duas semanas mais tarde, recebo a informação pelo telefone. “Tem cancro da mama”, foi como me tivesse caído o céu em cima e nesse mesmo dia contei à minha filha, que apenas tinha treze anos. Foi a minha maior força. Na sua inocência de adolescente, deu logo a solução: “ Mãe, tiras a mama fora, compras uma nova e ficas como uma menina de dezoito anos”. A partir daquele momento nunca mais pensei no pior e a força de viver foi cada vez maior e as minhas energias sempre concentradas para o positivismo.

Tudo foi programado, com a ajuda dos amigos, profissionais de saúde. No dia quatro de Julho, o maldito roubou-me a mama direita e todos os vinte e oito gânglios linfáticos do braço, porque alguns já estavam contaminados. A partir daquele dia a minha vida mudou radicalmente e as adaptações tiveram que ser muitas para que a vida continuasse a ser vivida com alegria. Seguiram-se os tratamentos de quimioterapia, o cabelo caiu e deu lugar a belíssimos lenços, gorros, chapéus e tudo o que pudesse embelezar o meu visual.

Como a minha filhota disse, três anos depois lá voltei a ter uma mama nova e ainda mais bonita. Estes sete anos ensinaram-me muito para que pudesse ver a vida de uma forma mais positiva, ajudar quem mais precisa e quer, passar a mensagem de que há vida depois do cancro e que a vida é muito, muito bonita para não desistir e aproveitar cada momento.

Para todas as mulheres que passaram por tudo isto e que ainda estão neste momento a lutar contra este bicho, dedico este texto para que nunca desistam e tenham sempre força para derrotar o maldito e vivam cada momento, adaptando o dia-a-dia às novas circunstâncias sem perder a alegria de viver.

segunda-feira, março 25, 2013

Obrigada Nana

Nestes últimos tempos, todos temos andado menos bem, em virtude das circunstâncias da vida.
Uns porque a saúde não os ajuda, outros porque a situação financeira está menos bem e não se vê forma de melhorar, outros até, porque não têm como ocupar a cabeça e as atitudes são menos boas.
No entanto, há sempre quem esteja atento a tudo isto e vai fazendo de cada dia uma lição de vida.
Não é por acaso que quando se passa por situações como a que por algumas nós passámos, tudo tem um significado maior, quando aos olhos de alguns, são tão indiferentes.
Esta semana aconteceu uma situação que muito há a louvar. Tenho que admitir que as redes sociais e os grupos que nelas se formam, têm um poder muito grande.
Nana, obrigada pela tua sensibilidade, que por muitos não é reconhecida e um bem haja por estares atenta.



Enquanto houver estrada para andar, não vou parar...

 «Em Abril de 2006, foi-me detetado um cancro na mama, quando soube fiquei em choque, mas no mesmo momento pensei que mais importante era a ...