Não estava nos meus planos de terminar o ano de 2013, a
ouvir falar de cancro, mas isso acabou por acontecer, ao ouvir o jornal da
noite na SIC. Um programa sobre o IPO de Lisboa, que retrata o que é a vida no
hospital, de um doente oncológico, antes, durante e depois dos tratamentos.
Revivi tudo que passei há sete anos, tudo o que senti, as
dúvidas todas que tive, as incertezas de quem me rodeava, o que senti pelos
familiares e amigos e fundamentalmente, o apoio e o empenho incondicional dos profissionais
de saúde
Os duros, como somos designados, nós sobreviventes de
cancro, continuamos sempre com um frio na barriga a cada consulta de rotina,
mesmo depois de tratados porque nunca nos é dito que estamos “curados”.
O voltar ao hospital, apenas por voltar, não é por acaso que
isso acontece. Sentimos necessidade de ajudar quem lá está e sabemos tão bem, o
quanto custam todos os momentos que por lá andamos!
Afinal, não somos assim tão duros, quanto nos querem fazer
parecer! Somos pessoas, com muitos sentimentos que se aprofundam, devido às circunstâncias.
Nunca mais voltamos a ser iguais, porque as sequelas com que ficamos, físicas e
psicológicas, levam-nos a ser diferentes.
Bem-haja, quem nos continua a tratar, e muitas vezes bate o
pé perante as burocracias com que se deparam, para exercer a sua profissão
condignamente, de alma e coração.
Obrigada aos profissionais de saúde, do Hospital de S.
Sebastião.