quarta-feira, setembro 13, 2017

O nosso amigo acordou . . .

Maria, nome fictício, está com a segunda recidiva. 
Ontem recebi uma mensagem que dizia: "o nosso amigo acordou, vou amanhã dia 13 fazer quimioterapia". 
Conhecia nos corredores do hospital, no intervalo de uma qualquer consulta que ambas tivemos, pelas mesmas razões. Pois fomos companheiras de lutas por alguns anos. Quando ela chegou, eu já lá andava e para mim foi fácil dar uma ajuda e uma força. Quando abandonei o piso quatro, Maria ainda por lá ficou e acabámos por voltar a encontrar nos no grupo de apoio, uns tempos depois. 
Durante a terapia, houve a primeira recidiva que Maria acabou por superar com o apoio de todas nós e da terapeuta. Hoje está mais vulnerável e dizia me que se sente sem forças, está mais só, tem mais idade, pois o grupo faz lhe muita falta. 
Não é só à Maria que faz falta! São muitas as mulheres que neste momento estão a viver situações como a dela e outras que viveram situações de cancro de mama que se sentem desamparadas, porque não têm com quem falar da sua condição. 
Por mais que a família ou os amigos possam ou queiram ajudar, nunca conseguimos ter uma conversa aberta e falar a mesma linguagem e sentirmos que nos entendem.
 No CHEDV os grupos de terapia terminaram em 2015 mas actualmente estão de volta. Era tão bom que voltassem a chamar todas estas mulheres para os grupos terapêuticos, porque o único momento que tinham durante o mês para falarem de si com quem as entendiam, falarem dos seus males, das suas alegrias, das suas dores e de tudo mais que tivesse relacionado com o que as levava àquele espaço. Não estou a falar por falar! Sei do que falo, porque continuam a comunicar comigo e sempre que as encontro, no final das nossas conversas dizem me : "faz me tanta falta o grupo com a Dra  _ _ _ _ _".
Vamos lá pensar nisso, quem de direito, se me estiver a ler!

   

Enquanto houver estrada para andar, não vou parar...

 «Em Abril de 2006, foi-me detetado um cancro na mama, quando soube fiquei em choque, mas no mesmo momento pensei que mais importante era a ...