quarta-feira, novembro 09, 2011

Até ao dia em que.....

A vida prega-nos muitas partidas e por vezes nem nos apercebemos que são para nos alertar de coisas que estão menos bem e os nossos olhos ou o coração não quer ver. Neste meio século que tive o privilégio de viver, foram várias as partidas que ela me pregou. Algumas muito duras, talvez duras demais, nem sendo merecedoras delas. No entanto foi um por à prova das minhas capacidades de sobrevivência e até onde eu era capaz de ir. Ultimamente nem tenho vindo escrever no meu blogue, porque tenho andado por outros espaços cibernéticos e que têm deixado ao abandono o meu cantinho, onde sempre recebi todos sem excepção e tenho a consciência de que muitos vieram buscar forças e alento ao que eu quase diariamente escrevia. Hoje não podia deixar em vazio mais uma vez este espaço, até porque, desde que efectuei o último poste com a entrevista na RTV, muitas coisas têm acontecido. Foram várias as felicitações que recebi, de amigos essencialmente, e de alguns familiares. No entanto também fui alvo de “acusações” que têm deixado muito triste e muito calada. Na peça que podem ver e que muito mediocremente elaborei, referi acentuadamente que a minha maior força nesta luta desmedida contra o cancro da mama, foram os meus Pais, a minha Filha e os meus Amigos. Mais pessoas me ajudaram, não digo que não, e só lhes tenho a agradecer, mas efectivamente estas três referidas foram sem sombra de dúvidas o meu suporte de betão para esta luta. Os meus Pais porque precisavam e precisam muito de mim, assim como eu deles. É uma permuta incondicional, A minha Filha, porque tinha 13 anos e só tinha a mãe a quem recorrer, uma vida pela frente para viver e crescer e eu quase com uma sentença de morte. Os meus Amigos, porque nunca precisei de pedir ajuda, bastava ouvir a minha voz ou ver o meu olhar para me darem toda a força que nem eles sabem onde iam buscar.


Pode-vos parecer estranho estar com toda esta escritura, ao fim de cinco anos de luta e a situação estar quase a ser dada como resolvida. Mas na verdade hoje li algumas publicações no facebook, um espaço fechado, que me entristeceram muito e que me fazem estar acordada a esta hora da madrugada sem conseguir dormir. Neste momento está uma mulher no hospital onde eu fui operada e que daqui a umas horas vai sofrer uma intervenção porque tem cancro da mama e vai mais segura e confiante, pelas palavras que ouviu na reportagem. Deixou-me o seu contacto e quer estar comigo. Tenho o meu pai internado no Porto, porque foi intervencionado para a colocação de uma prótese na anca e à 24h atrás estava a passar muito mal. Estou com uma faringite terrível que me impossibilita de estar a apoiar seja quem for, porque não posso sair de casa.

Este texto é público e todos o podem ler e comentar sem restrições, por isso não conseguia ir tentar dormir, sem partilhar tudo isto com quem me quer bem e sempre me apoiou e me continua a apoiar. Se alguém está menos contente comigo, que o diga e que seja aberto e sincero, sem textos prefabricados e que nada têm a ver com quem os escreve.

A todos os meus amigos, um obrigada bem do fundo do coração e não preciso de dizer quem são porque eles sabem e conhecem-me pessoalmente.



11 comentários:

May Alek disse...

Querida amiga Cinda,

Viver, às vezes é uma grande merda, principalmente quando nos deparamos com situações adversas, que fogem ao nosso controle, sobretudo se essas situações são protagonizadas por pessoas a quem, de uma forma ou de outra, queremos bem. São situações que magoam, chegam mesmo a doer, porém cada vez mais percebo que nem tudo vale a pena nesta vida. Não sei exatamente do que se trata, não vi as "acusações" no face, mas tomo a liberdade de dizer: não se preocupe, o que importa é a sua consciência, é saber que você ama e dá valor às pessoas que merecem e que estiveram (e estão) sempre ao seu lado. O resto é o resto. Trata de cuidar bem da faringite, para poder estar com seu pai e depois aproveitar o convite recebido.
Beijo grande!!!!

Natália Fera disse...

Bom dia Cinda
Não sei bem do que estás a falar,mas desconfio,já há dias que sentia que se passava algo de estranho.

Penso que não terá nada a ver comigo,sabes que gosto muito de ti e sempre o disse,tens sido para mim uma amiga sempre presente e eu nunca me esqueço dessas coisas.

Quantas vezes leio coisas que não gosto e respondo,já tive problemas por isso e tu sabes bem do que falo,mas vou continuar a dizer do que não gosto doa a quem doer,se sabem falar e mandar indiretas também têm que ter a capacidade de ouvir.

Como penso que te conheço bem,sei que vais dar a volta por cima e recarregar essas pilhas duracell.

Beijinhos.

"As melhoras para o teu pai"

lucinda maria disse...

Obrigada Natália. Sabes bem que gosto de ti. Como digo e sempre disse, ou se gosta ou não se gosta.
A noite estava a ser muito dificil de digerir e o melhor mesmo, foi saltar da cama e sentar-me ao computador e deitar fora tudo o que me ía e vai na alma.Acredito que a quem me refiro, saberá e terá a consciência disso memo.
Uma beijoca grande e até um dia destes, quem sabe aqui para o Norte?

laura disse...

Só agora aqui cheguei,como sabes 4ªfeira dia do menino, de manhã não dá para brincar.

Cinda, gosto muito de ti e costumo brincar c/ malandrices contigo, espero não te ter ofendido. Se ofendi foi sem querer.

Beijinhos

Ana Camões disse...

Amiga, esta vida são dois dias... e tu tens sido fonte de inspiração para muitas guerreiras, e para mim um exemplo de vida!!!
Adoro-te!!!
Sabes que estou aqui!!!

Beijinhos e as melhoras!

Nela disse...

Oh, Maria Laurinda, seja lá quem for, só há uma expressão bem portuguesa para isso (e ainda bem que isto é público) - CAGA NISSO!

Beijocas

Anónimo disse...

Depois do que escreveste no face é que percebi minimamente o que se tem passado, esquece, desprezo para quem nada merece é o que te posso dizer e é o que eu tenho também feito. Nem imaginas as intrigas que têm sido feitas desde que o meu pai está doente. Têm sido tantas e tão poucas que eles que eram para vir morar comigo para lhes dar mais apoio já não vêm, porque a família do meu ex acha que se eles vierem cá para casa ele não terá que pagar mais pensão de alimentos. Ou seja se vêm cá para casa eles que paguem tudo. conclusão não vêem , contrataram um chofer para os trazer diariamente das caldas para Lisboa e eu vou ter com ele aos tratamentos para lhe dar apoio e depois volta para as caldas. Caga porque Deus é justo e cá se fazem cá se pagam. Força BJO grande
Graça Gomes

Anónimo disse...

Esclarecimento : pensão de alimentos aos filhos, porque a mim ele nunca pagou nem paga nada.
Graça

isabel disse...

amiga, esou aqui sempre e admiro-te muito. Principalmente a tua cpacidade de ajuda.
Fui eu que te recmendei para entrevista por saber que irias estar a altura e tiveste.
O resto n ligues, são balelas.
Precisamos é de coisas que nos façam sentir bem não o contrario.
E tal como tu, sei bem quem foram os meus pilares durante o processo da minha doença.
um beijinho grande, muito grande...

Guida Palhota disse...

Olá, Cinda Maria!

Não sei o que se passa, embora tenha percebido que alguém terá criticado a tua presença em entrevista. Eu posso até enganar-me redondamente (mas até prova em contrário, fica assim!), mas, em casos deste género, convenço-me sempre de que as pessoas têm é inveja, e, se a têm, que a aguentem, pois ninguém tem de deixar de ser o que é e de fazer o que faz, só porque há quem inveje... Especialmente quando essa inveja não é assumida e as pessoas não têm coragem para falar diretamente.
Escrever sobre a mágoa que sentimos por falarem de nós disparatadamente, ou por o fazerem de forma lateral, é uma forma de escape que eu conheço bem, que entendo perfeitamente, que partilho e que apoio.
Mantém-te na tua, Cinda! Tomara mesmo muita gente ser como tu!

Beijões e tudo a melhorar, minha amiga com A!

*___*

Adriana disse...

Força amiga!!!! Não se afete com a pequenez dos outros! Sacode a poeira e segue em frente! Bjs!

Enquanto houver estrada para andar, não vou parar...

 «Em Abril de 2006, foi-me detetado um cancro na mama, quando soube fiquei em choque, mas no mesmo momento pensei que mais importante era a ...