segunda-feira, julho 10, 2017

Nada acontece por acaso

Passaram onze anos desde o dia em que numa tarde de verão tive alta do hospital sem uma resposta concreta e com muitas dúvidas por esclarecer!
Após me ter sido diagnosticado um cancro na mama e feito uma mastectomia radical com esvaziamento ganglionar, ainda muito estava por saber, pois o estadio era elevado e os tumores tinham-se multiplicado num curto espaço de tempo,  dois meses apenas. 
Como qualquer ser humano, a minha primeira reação ao ter a notícia de que tinha um cancro, foi pedir ajuda acreditando que há algo para além do visível e palpável que sobre nós, tem a capacidade de dar uma força sobrenatural, para que possamos levar a vida neste mundo terreno com dignidade e ajudar quem precisa.
Chorei, rezei, estrebuchei, fiz tudo o que tive necessidade naquele momento para deitar fora a "raiva" que se apoderou de mim e fui a Fátima com a minha amiga Mane rezar e pedir a Nossa Senhora que me desse força e me ajudasse. Nessa altura, nenhuma de nós tinha bem consciência do estado em que eu estava e ficou a promessa de lá voltarmos quando tudo estivesse tratado.
Os anos foram-se passando, muitos caminhos fizemos juntas, Santiago de Compostela a nossa perdição e Fátima foi ficando, ora por isto ora por aquilo!
Não sou apologista de promessas, muito menos daquelas em que o sofrimento é um acto de violência. Proporcionou-se fazer esta caminhada até Fátima, grande parte utilizando os Caminhos de Santiago pelo interior do Pais, onde a paisagem e as gentes nos recebem e saúdam, cruzamos-nos  com vários peregrinos, não tivemos a violência nem o perigo dos carros e camiões nas estradas e fizemos ao nosso ritmo. 
Foram doze etapas de muito convívio, entreajuda, muitas fotografias e em que as pessoas se foram conhecendo etapa a etapa, estreitando e afastando laços, nuns e noutros casos.
No passado sábado, 8 de Julho chegámos ao Santuário de Fátima cerca das cinco da tarde. Nada acontece por acaso! Onze anos depois de eu ter tido alta do hospital e também não foi por acaso, num sábado.
Este lugar tem algo de magnético e inexplicável que nos dá uma Paz de espírito e um conforto na alma que não consigo explicar. 
Todos temos lugar naquele espaço, queiramos nós a Paz e o Amor para nos sentirmos bem. 

Enquanto houver estrada para andar, não vou parar...

 «Em Abril de 2006, foi-me detetado um cancro na mama, quando soube fiquei em choque, mas no mesmo momento pensei que mais importante era a ...