domingo, junho 29, 2008

Desabafo de uma Mulher Moderna


Como já tenho feito, em vezes anteriores, o texto que vou transcrever para o meu blog, desconheço a sua ou seu autor. Como o achei muito interessante e transmite a realidade da vida moderna, resolvi partilhá-lo com quem visita o meu cantinho.

Obrigada Bárbara, por teres partilhado este texto comigo.

Monólogo de uma mulher moderna.

São 5.30H da manhã, o despertador não pára de tocar e não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede. Estou acabada. Não quero ir trabalhar hoje. Quero ficar em casa, a cozinhar, a ouvir musica, a cantar, etc. Tudo menos sair da cama, meter a primeira e ter de por o cérebro a funcionar. Gostava de saber quem foi a bruxa imbecil, a matriz das feministas que teve a desgraçada da ideia de reivindicar os direitos da mulher e porque o fez connosco que nascemos depois dela? Estava tudo tão bem no tempo das nossas avós, elas passavam o dia todo a bordar, a trocar receitas com as suas amigas, ensinando-se mutuamente segredos de condimentos, truques, remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos seus maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, recolhendo legumes das hortas e educando os filhos. A vida era um grande curso de artesãos, medicinas alternativas e de cozinha. Depois ainda ficou melhor, tivemos os serviços, chegou o telefone, as telenovelas, a pílula, o centro comercial, o cartão de credito, a Internet! Quantas horas de paz a sós e de realização pessoal nos trouxe a tecnologia! Até que veio uma tipa, que pelos vistos não gostava do corpinho que tinha, para contaminar as outras rebeldes inconsequentes com ideias raras sobre”vamos conquistar o nosso espaço”. Que espaço?! Que caraças! Se já tínhamos a casa inteira, o bairro era nosso, o mundo a nossos pés!!! Tínhamos o domínio completo dos nossos homens, eles dependiam de nós, para comer, vestirem-se e para parecerem bem à frente dos amigos e agora? Onde é que eles estão??? Nosso espaço???!!! Uma treta... Agora eles estão confundidos, não sabem que papel desempenham na sociedade, fogem de nós como o diabo da cruz. Essa piada... essa ideia estúpida, acabou por encher-nos de deveres. E o pior de tudo acabou lançando-nos no calabouço da solteirice crónica aguda!!!! Antigamente os casamentos eram para sempre. Porquê? Digam me porquê, um sexo que tinha tudo do melhor que só necessitava de ser frágil e deixar-se guiar pela vida começou a competir com os machos? A quem ocorreu tal ideia? Vejam o tamanhão dos bíceps deles e vejam o tamanho dos nossos! Estava muito claro que isso não ia terminar bem. Não aguento mais ser obrigada ao ritual diário de ser magra como uma escova, mas com as mamas e o rabo rijos, para o qual tenho que me matar no ginásio, ou de juntar dinheiro para fazer uma mamoplastia, uma lipo, ou implantes nas nádegas... Além de morrer de fome, pôr hidratantes, anti-rugas, padecer do complexo do radiador velho a beber água a toda a hora e acima de tudo ter armas para não cair vencida pela velhice, maquilhar-me impecavelmente cada manhã desde a cara ao decote, ter o cabelo impecável e não me atrasar com as madeixas, escolher bem a roupa, os sapatos e os acessórios, não vá não estar apresentável para a reunião do trabalho. E não só, mas também ter que decidir que perfume combina com o meu humor, ter de sair a correr para ficar engarrafada no transito e ter que resolver metade das coisas pelo telemóvel, correr o risco de ser assaltada ou de morrer numa investida de um autocarro ou de uma mota, instalar-me todo o dia em frente ao PC, trabalhar como uma escrava, moderna claro esta, com um telefone ao ouvido a resolver problemas uns atrás dos outros, que ainda por cima não são os meus problemas!!! Tudo para sair com os olhos vermelhos ? Pelo monitor, porque para chorar de amor não há tempo! E olhem que tínhamos tudo resolvido, estamos a pagar o preço por estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, perfumadas, unhas perfeitas, operadas, sem falar do currículo impecável, cheio de diplomas, de doutoramentos e especialidades, tornámos-nos super-mulheres mas continuamos a ganhar menos que eles e de todos os modos são eles que nos dão ordens!!!! Que desastre! Quero alguém que me abra a porta para que possa passar, que me puxe a cadeira quando me vou sentar, que mande flores , cartinhas com poesias, que me faça serenatas à janela! Se nós já sabíamos que tínhamos um cérebro e que o podíamos utilizar para quê ter que demonstra-lo a eles?? Ai meu Deus, são 6.10H, e tenho que levantar-me da cama... Que fria está esta solitária e enorme cama! Ahhhh... Quero um maridinho que chegue do trabalho, que se sente ao sofá e me diga: Meu amor não me trazes um whisky por favor? ou: O que há para jantar? Porque descobri que é muito melhor servir-lhe um jantar caseiro do que atragantar-me com uma sanduíche e uma Coca-Cola light enquanto termino o trabalho que trouxe para casa. Pensas que estou a ironizar ou a exagerar? Não minhas queridas amigas, colegas inteligentes, realizadas liberais.....e idiotas! Estou a falar muito seriamente: Abdico do meu posto de “mulher moderna”. E digo mais : A maior prova da superioridade feminina era o facto de os homens esfalfarem-se a trabalhar para sustentar a nossa vida boa! Agora somos iguais a eles!

4 comentários:

IsaLenca disse...

Está engreçado mas não me identifico... prefiro os tempos de agora...mas o único grande contra é o relógio... De resto adoro existir nos tempos actuais - se tivesse vivido antes devia ser uma revolucionária e peras...e, mais importante, não teríamos estas tecnologias que nos fazem arranjar novas amigas (e amigos). Agora só estamos sózinhas se quisermos.

Nem tanto a um lado nem tanto a outro.E para descontrair:
Uma feminista radical entra num autocarro.
Não há lugares sentados, mas um senhor começa-se a levantar.
Ela pensa: "Ora cá está mais um homem com a mania, A querer oferecer-me o lugar!"
Ela toca-lhe no ombro em sinal de negação e ele torna-se a sentar.
Mais um pouco, ele olha para ela, e torna a tentar levantar-se.
Ela torna a negar o lugar e empurra-o para que se sente novamente.
A cena repete-se mais uma ou duas vezes.
Finalmente, o homem diz-lhe:
- Ouça... Eu não sei o que você quer, mas a minha paragem já ficou dois quilómetros atrás!

Nela disse...

Este texto tem piada e retrata com humor a nossa correria louca. Mas daqui rendo a minha homenagem a essas grandes mulheres que me precederam e me permitiram ser quem sou. Hoje, eu discuto isto e faço e sou o que sou porque algumas abriram caminho por mim (por todas) e até com a própria vida.

E ainda há muito trabalho a fazer... É só perguntar àquelas que anda de burka por obrigação.

Jinhos Grandes

BiChOs Do MaTo disse...

bjs Cinda
resto de boa semana
Lara

lucinda maria disse...

Ao postar este texto, a ideia era mesmo retratar a nossa correria como diz a Nela. Mas muito ainda há a fazer para que no mundo inteiro possamos ser reconhecidas, tão fortes, ou mais ainda que os homens.
Vamos ser continuadoras dessas pioneiras que tanto fizeram e lutaram.
Continuação de boa semana e Bjs para todas.

Enquanto houver estrada para andar, não vou parar...

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